Ah!, um pouco de indignação afinal existe. Indignam-se os leitores com os títulos “cidadão bosta”, “cidadãos saco de porrada” e outros mais. Sim, gostamos de dizer: “Eu não! Eu faço a minha parte e você, Moço Bianda, sabe do que se faz por este país dentro para estar com tais afirmações?”. Cidadão, fazer, todos fazemos a nossa parte. Bons, há muitos por este país adentro. Eu só conheço gente boa no que faz. Eu próprio faço parte de bons projectos que se fazem por cá. Mas não chega. Reclamo do mínimo (obrigatório) que fazemos; da zona de conforto que não saímos; do medo de gritar a pleno pulmões: “cidadãos bosta!”. Sim, somos o povo dos brandos costumes, mas não das práticas brandas, nobres ou coisa que se pareça. A nossa sociedade, ao lado do desenvolvimento, vai apresentando sinais preocupantes e essa “alienação intelectual” preocupa-me.
Pedem-me provas de bostice. Mais provas que a ausência? Quantas posições técnicas, mantendo uma linguagem humana, que conhecemos sobre a crise económica e as suas reais implicações nas nossas vidas? Quantas posições consistentes conhecemos sobre o Desemprego em Cabo Verde e de como vai se comportar no futuro? Quantas posições conhecemos sobre o fenómeno da Desigualdade Social, ainda que o país cresça a bons números? Quantas vezes um técnico, autoridade na sua área, vamos dizer, a Medicina Pública por exemplo, se indigna com a guerra de números dos políticos em torno de uma situação grave como a Dengue? Quantas vezes a Ordem dos Engenheiros se posicionou contra obras descabidas ou perigosas? Que é feito da Ordem do Arquitectos? Existe mais vergonha que a Ordem dos Advogados? Que é feito da Pró-Praia? As situações da Electra e dos TACV já são chagas que aceitamos sem reclamar. A indisciplina, o desrespeito às autoridades, a falta de civismo e essas coisas, já os aceitamos como o lixo que deixamos à porta de casa. Quantos cidadãos tem a coragem de dizer ao canalha que mija na rua: “seu porco!”.
Há um Índice de Cidadania? Qual é a nossa média?
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