9.11.09

Segunda, Retoma

Bem, retomamos o curso da normal da vida. Normal, maneira de falar, porque normal a vida não está. Apesar da manifestação inédita de cidadania na sexta, dos esforços consideráveis da Câmara e dos desdobramentos do Governo, a situação continua caótica e medonha. Pesquisadores e trabalhadores estrangeiros abandonam o país, quem pode manda os filhos para o estrangeiro, quem não pode defende como pode. Mosquito zero é uma utopia, esforços individuais não chegam. A crise da Dengue é um resumo, uma espécie de certificado, de todas as más políticas em curso.

A Dengue veio pôr tudo a nú. A começar por uma cidade desregrada, sendo metade dela de casas espontâneas, sem canalização de água e esgotos, sem rede "oficial" de electricidade, sem arruamentos, sem condutas de águas pluviais e residuais, sem um Plano Director, numa palavra, sem política. O Governo precisa de uma conversa a séria sobre a sua política do território e de habitação, que o programa "Casa para todos" é só mais um desses slogans mercadológicos. A Câmara precisa manter a mão firme sobre a população. Boa parte dessa crise advém da incúria e do desleixo.

Está provadíssimo, os serviços de Saúde não aguentam uma crise, seja ela de uma epidemia ou de uma catástrofe. Na lógica das medalhas, esses dias deviam ser emitidas centenas de medalhas para o pessoal enfermeiro e médico que não tem tido mãos a medir e horas de sono completas.

Está provado também. Essa onda de deixar todo o mundo entrar no país sem controlo, não resulta. Vamos pulverizar os estrangeiros, como eles nos pulverizam quando vamos à terra deles. Doenças também são globais, não apanágio só da pobre África. Os barcos também precisam de mais rigor com o que trazem dentro.

A situação continua alarmante. Embora se registe uma baixa ligeira de casos, 600 a 900 casos diários, para a nossa realidade não deixa de ser um sufoco. Todas as medidas de prevenção devem permanecer vivas. Todos devem permanecer alertas.

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