30.12.09

Dia 3 - Tiques

Se fossemos uma região ultra periférica, como é denominada as Canárias, mudaríamos de roupa e sapatos a cada estação nas lindas lojas Zara, Cortefiel, Massimo Duti, Clarks, e mais uma data deles. Teríamos uma casa IKEA desde o tapete na porta de entrada até à vassourinha que limpa o cocó da sanita. Teríamos um carro novo a cada 4 anos. Teríamos uma dezena de marcas de cereais para o pequeno-almoço, os meninos estariam a engordar no McDonalds, os adolescentes passariam o seu tempo a comprar novos jogos de consola. Quem tivesse a sorte de ter um bom emprego poderia inclusive comprar um Porche! Isso tudo é possível nas Canárias. Claro que toda essa economia assenta-se num equilíbrio muito frágil, que incita ao consumo constante, a maioria a crédito, que ao mínimo abalo dos mercados, a coisa pode despenhar-se, como ficou demonstrado pela recente crise. Todavia, isto daqui tem toda esta opulência comercial, que até me intriga pela dimensão da sua população (cerca de 2M), mas é que o Turismo é uma fonte de rendimento a sério aqui.

Se fossemos uma região ultra periférica, com muita força de vontade e carácter de espírito, optaríamos por ver os museus, as galerias de arte, visitar as populações mais afastadas, passearíamos na linda avenida marítima, teríamos umas tantas opções de desporto e seria possível fazer um turismo interno de qualidade, a poucas horas de carro ou autocarro. Porque isto tudo também é possível nas Canárias. A questão do desenvolvimento das cidades mais avançadas é que, ao lado da loucura comercial, onde uma pessoa é convidada a cada passo a comprar, comprar e comprar, existe uma oferta de qualidade de actividades relacionadas com a Natureza e com a Cultura. E não é o que temos pedido para a nossa terra? Desenvolvimento com respeito pela Natureza e pela Cultura. Embora esteja a achar que esta vertente nas Canárias não é de todo exemplar, mas pelo menos já existe essa consciência e as estruturas vão sendo mudadas, para permitir mais Energias renováveis, mais espaços amplos de lazer, mais vias pedonais, enfim, mais conforto para as pessoas. Estamos a tempo de não estragar...embora ache que temos que estragar para aprendermos que estamos a estragar.

1 comentário:

Álvaro Ludgero Andrade disse...

Boas férias, meu amigo. Que diferença entre ser Espanha e ser antiga colónia portuguesa na África Sub-Sahariana. Desfruta.