27.2.09

As bases do conhecimento

"O ensino da matemática e da língua portuguesa continua a ser o calcanhar de Aquiles do nosso sistema de ensino"
Min.Educação, jornal 13h, RCV, 26/2/2009

Ora, aí está uma constatação carregada de significado: quer dizer que o nosso calcanhar de Aquiles é precisamente em duas disciplinas basilares, sobre as quais as demais se assentam. Aliás, a língua vem primeiro; a língua, diz a linguística, é a ossatura do conhecimento; é pela língua que apreendemos o mundo, transmitimos o nosso sentimento, que recombinamos o conhecimento e modificamos o mundo. Parece-me por demais óbvio que a questão da língua, falo da língua materna, naturalmente, é o cerne da questão.

Temos uma situação de dualidade de línguas, super complicado de gerir: por um lado, é evidente que a língua portuguesa é um bloqueio à entrada da escola, por outro lado só temos material pedagógico em língua portuguesa. Mesmo que arranjássemos um combinação de: ensino oral em caboverdiano; ensino escrito em português (estratégia aliás que muitos professores, à revelia do Min.Educação, usam nas salas, para passar melhor a mensagem); o facto é que alguma engenheria teria que ser feita aqui. Mas, mais custoso que fazer essa engenharia é adiar essa questão sine die. O ensino da língua portuguesa podia beneficiar de uma melhor comunicação dentro das salas; o ensino da matemática é super dependente da boa compreensão da língua, portanto sairia a ganhar.

Contribuições, please.


4 comentários:

Anonymous disse...

Como titular de uma pasta, vendo objectivamente as coisas, Vera Duarte é pior ministra, de longe, do que Manuel Veiga e José Maria Veiga. Mas tu, por um malabarismo inconfessável consegues inverter esse quadro....
É obra...

Cesar Schofield Cardoso disse...

Se te explicasses Anónimo o teu comentário teria algum valor. Assim fica vazio...Interessante é que falas em "objectivamente" mas o teu comentário é bem subjectivo
Pois, é obra...

Anonymous disse...

A matemática é o calcanhar de Aquiles do ensino em quase todos os países. Mesmo assim, penso que não é assim tão mau em Cabo Verde. Estudo engenharia em Portugal e, ano após ano, os melhores alunos em matemática na minha faculdade são caboverdianos. Tenho por hábito ver as notas dos caloiros crioulos e, nas matemáticas, costumam destacar-se dos restante alunos. Não acredito que seja coincidência.
O calcanhar de Aquiles em Cabo Verde (a meu ver) é a falta incentivo ao ensino técnico (para os futuros engenheiros), chegamos aqui sem bases em disciplinas cruciais de engenharia. Abraço!

Cesar Schofield Cardoso disse...

Bravos comentários. Obrigado.