Ver um bom actor a actuar é sempre um momento de perceber que afinal a arte não é tecnológica, é humana. Harry Brown é um portentoso filme, porque é bonito visualmente, porque é realizado com mão segura por Daniel Barber, um realizador que acabei de descobrir, mas essencialmente porque tem uma performance irrepreensível de Michael Caine, nos seus 77 anos, a esbanjar talento.
Harry Brown é desses filmes que faz chorar aos mais sensíveis. Damos por nós a sentir raiva, alegria, pena, tristeza, todas as emoções que são supostas de passar e que realmente passam com uma intensidade grande. Adoro os filmes ingleses. Tem um quê de realismo e força visual que me cativam. Lembro-me de Trainspotting, de Danny Boyle (o mesmo que fez Slumdog Millionaire), um dos filmes que mais me marcou nos últimos tempos; ou do realizador Mike Leigh e os seus filmes que parecem documentários das nossas vidas; ou Guy Ritchie e os seus filmes que são, ao mesmo tempo, obras visualmente magníficas, comédias negras, ritmo e adrenalina, para além das sempre boas interpretações.
Almirante é assim o título de um filme russo que vi antes de ver Harry Brown, do realizador Andrey Kravchuk (descoberta), que me fez lembrar que a Rússia é a pátria dos maiores realizadores da história do cinema: Dziga Vertov, Serguei Eisenstein, Andrei Tarkóvski, Nikita Mikhalkov. Stalker de Tarkóvski mudou a minha maneira de pensar o cinema.
Enquanto se espera por salas de cinema em CV, vai valendo a pirataria, que por mais que me doa reconhecê-lo, é a única maneira de não perder o admirável progresso de uma arte suprema: o cinema.
2 comentários:
Olá César,
a propósito de cinema alternativo, dê uma olhada em www.youtube.com/movies, obviamente, caso ainda não tenhas feito.
Abraço,
Almiro
Obrigado pela partilha Almiro :)
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