País desgovernado, todos ralham e ninguém tem razão.
A Câmara Municipal da Praia (CMP) pediu a intervenção do Governo em 4.000 casas em perigo de desmoronamento, por causa das chuvas. O Governo negou, devolvendo a acusação à CMP, de que não se preparou como devia ser para as chuvas. Neste ping-pong, as famílias vivem o dramaticamente a chegada das chuvas na cidade.
A relação poder central/poder local é muitas vezes de fronteiras imprecisas e os políticos jogam com isso. Os cidadãos tem que se informar para não se apanhados nessa charada. É de competência do Governo o ordenamento do território, que passa por gerir as grandes infraestruturas - como pontes, condutas de água, estradas - as ocupações e usos do território, com vista a protecção do seu equilíbrio geofísico. O território da cidade também faz parte dessa gestão e não pode o Governo esquivar-se a isso. O caso flagrante de incongruência de políticas é a super estrada circular da Praia, enquanto que dentro da cidade não existe uma única estrada competente, prova disso é o péssimo escoamento das águas. No entanto é da competência das municipalidades criarem os seus Planos Directores Municipais (PDM), que estrutura e regula a ocupação do território dentro das cidades, coisa que ainda o maior município do país não teve a capacidade de fazer.
Em resumo, a situação da cidade da Praia é um incompetência dupla, da CMP e do Governo. As fronteiras de actuação não são tão imprecisas assim, tendo cada um as suas tarefas, que vem sendo adiadas ou executadas pessimamente. E bem que podiam ter mais respeito para as famílias que se desesperam de toda a vez que vêm as chuvas, em vez desse ping-pong vergonhoso.
4 comentários:
Lamentável constatar que não há um plano que evite ou que minimize o impacto das cheias, que monitorize as áreas de risco e que envolva as comunidades na prevenção.
As Câmara municipais precisam de mais capacitação técnica e mais autonomia, principalmente a autonomia financeira. As Câmaras Municipais do país, infelizmente ainda não estão minimamente equipadas, nem técnica, nem financeiramente. Num problema tão urgente como esse, o Governo não pode fugir com o rabo à seringa. A reacção do Governo foi vergonhosa, foi feia. O Governo foi covarde! mufino propi! Isso mostra o nível a que chegamos. Em vez do Governo sair aí a esbanjar dinheiro, distribuindo milhões a associações amigas da situação para comprar votos e consciência para as próximas eleições, deveria estar mais preocupado com situações sérias que estaão a afectar este país. Não se percebe a atitude do Governo face a um simples pedido auxílio de "djunta mon" por parte do Presidente da CMP Dr. Ulisses Correia, num tom calmo, sereno e responsável. Está tudo ao contrário nesta terra.
Mas a CMP não é inocente nesta história. A CMP é uma instituição que precisa credibilizar-se, a começar por normas efectivas, por controle constante, transmitindo à sociedade uma ideia de autoridade. A CMP tem que parar de ceder aos interesses dos lobbies e ao jogo eleitoralista. Há muita coisa que não se faz neste país, com a desculpa dos recursos. Como sobrevivem as empresas privadas então, onde não abundam recursos? Uma questão de reforma.
E, esta cidade continua como sempre foi MALTRATADA! Pena que assim seja! Sim, tens razão César que a CMP não está inocente nisso, mas ao ter a "coragem" de solicitar uma entreajuda do Governo e, o Mesmo Governo, que coincidentemente tem a sua Sede nesta Cidade da Praia, reage da forma como reagiu, esqueceram desta cidade e focaram na Politiquice, haja paciência! Pensam que nós os outros somos uma cabada de Burros!!! Cmps. JS
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