13.12.08

Tempo de mudar

Vamos entrar no ciclo das pré e precoces campanhas eleitorais. A partir de agora tudo será classificado de verde ou amarelo. Quem nem é uma coisa ou outra, melhor desaperecer de circulação. Vou experimentar o que é isso.

Tempo de fechar, fechar-se e inventariar-se. Durante anos, progredi quieto na fotografia, nas artes plásticas e na escrita, num percurso de tentar decobrir com se fazem essas coisas. Nunca tive a ousadia do público. Houve pessoas que me dizia: é preciso começar por algum lado, porque a obra nunca está acabada. Então um dia, enchi o peito de ar e saí à rua. A vida mudou.

Fizemos Praia.Mov 2006, 2007, "Texturas da cidade" em 2008, fizemos teatro, fomos ao Mindelact, conhecemos artistas brilhantes, lemos e escrevemos bastantes coisas, poesia, fizemos "META_FORA", este filme que está por debater, participamos num festival de filmes documentários, seguimos vários workshops, promovemos vários debates, compilamos muitas ideias, conquistamos pessoas, fomos ao estrangeiro, ARCO'07, uma das maiores exposições de arte contemporânea do mundo, andamos a escrever crónicas todos os meses e até na televisão pública já fomos parar e é precisamente neste ponto, da televisão, da máxima exposição, que vem a necessidade do balanço.

Balanço para mim: ENORME. Balanço social: FRUSTRANTE. Vivo num país carente de tudo, principalmente de discussão. Temos um déficit enorme de participação. Somos um país de egoístas e mesquinhos. Por mais que uma pessoa se esforce para estar na boa, tentar eliminar a ideia da vaidade, tentar demonstrar a OBRA, há sempre uma núvem de crápulas prontos a atacar ao mínimo erro (humano). Estão sempre aí, a fazer não sei o quê, mas sempre aí, à espreita. Consigo sentir-lhes o bafo, os dentes afiados, à espera que a presa se enfraqueça. Ainda por cima mascarados.

A vontade de fechar-se tem a ver com repensar as coisas, porque não estão funcionando. Uma pessoa se expõe, trabalha mesmo (depois das horas), errando de certeza, mas tentando sempre, e quando olha à volta, nada mudou e ainda ganhamos uns pentelhos de estimação. A estratégia não tem sido boa.

3 comentários:

Cesar Schofield Cardoso disse...

Que engraçado, acabo de rebater um Anónimo que acha que vivo para ouvir esse tipo de elogio. Olha, faz um bem enorme. Quem não tem ego? Mas podes ter a certeza, Joshua, que quando acontecer não gostares, diz com igual energia, que vais ser bem recebido. Desde que apontes na ideia e não no meu pobre peito, que, de ontem para hoje, já recebeu vários muros.

Um magnífico abraço

JB disse...

César, a mim criam-se-me cabelos brancos, a ti pentelhos. Cada um com a sua sorte! hahaha De resto, concordo com o post. Mas o balanço social, deste lado, não é assim tão frustrante. A arte teatral foi socializada, e não era. Imaginas maior conquista? Abração!, deste lado, que é teu.

Fonseca Soares disse...

O que é preciso é 'não dar muita bola', juntar todas as forças... e IR EM FRENTE!
Abração