Hernani Almeida concedeu uma entrevista no jornal "Nação" que está a causar o maior reboliço, que acontece porque em CV a Arte é coisa emocional. Daí faltar a escola, para que nós aprendamos a dar a nossa opinião de forma mais fundamentada. A arte tem um parte subjectiva, que é muito menos subjectiva que muitos pensam, e uma parte técnica. A parte subjectiva tem a ver com a apreciação estética (gostar/não gostar), mas o resto são factos, são teorias fundamentadas na história, na sociologia, na antropologia, na...ciência.
Hernani fala com propriedade técnica, mas também opina e a sua opinião tem peso. O grande problema está quando outros "peritos" se põe a construir teorias em cima das opiniões dele, acabando até por distorcer as suas opiniões. Leiam Hernani devagar, porque ele é honesto e bastante assertivo
Que em CV a música não se desenvolve. Não totalmente verdade, senão ele próprio não existiria. Completamente verdade, se compararmos com outras realidade e com o "achar" que somos desenvolvidos. Como ele próprio disse, formas musicais mais evoluidas não temos, como o Jazz.
Que Princisito não é músico, estou certo, quis ele dizer que Princisito não é arranjador e falta-lhe técnica. Mas Princisito é muito músico (na expressão do Djinho) no sentido em que ele é um criador inspirado e talentoso.
Depois vêm as famosas comparações S.Vicente/Santiago. Quando é que começamos a fazer debates sem paixão sobre este tema? Quando é que começamos a apoiar na História, como uma ciência, para fundamentar as nossas declarações? O que estamos a assistir, DE FACTO, na música caboverdiana? Será difícil perceber que S.Vicente, por mais que nos doa, está a perder vitalidade social, logo cultural e que, logicamente, a criação artística tenha decaído? É complicado perceber que, historicamente e antropologicamente, a ilha de Santiago é o nosso maior stock cultural, e que sendo actualmente a maior economia do país, logo a maior dinâmica social, fosse natural a exploração do seu stock cultural? É tão inaceitável admitir que Santiago é de momento o maior contributo à música CV? Já paramos para pensar que até mesmo sociedades muito avançadas, como os EUA, UK, França, muito evoluídas tecnicamente, tiveram a necessidade de procurar matrizes de outras partes do mundo (pobre) para se revitalizar?
Porque não aceitamos como natural e tranquilo que grandes músicos de S.Vicente, porém a viver numa sociedade em retracção, colaborem com criadores e portadores de grandes tradições de Santiago, produzindo coisas novas. O disco de Princizito é terrivelmente autoral, quase que a sua cara, porque Princizito tem uma grande presença de espírito; é o som do Princizito; é a sua poesia. A produção musical é do Hernani e é uma produção de fina qualidade técnica, mas em momento algum, nem o próprio Hernani, reclama a autoria desse disco.
Hernani Almeida é um grande homem, pelo valores de honestidade intelectual que cultiva. É doloroso ver "artistas" a usarem o seu nome para alimentar essas questões "ruidosas" que estão a circular por aí.
Hernani fala com propriedade técnica, mas também opina e a sua opinião tem peso. O grande problema está quando outros "peritos" se põe a construir teorias em cima das opiniões dele, acabando até por distorcer as suas opiniões. Leiam Hernani devagar, porque ele é honesto e bastante assertivo
Que em CV a música não se desenvolve. Não totalmente verdade, senão ele próprio não existiria. Completamente verdade, se compararmos com outras realidade e com o "achar" que somos desenvolvidos. Como ele próprio disse, formas musicais mais evoluidas não temos, como o Jazz.
Que Princisito não é músico, estou certo, quis ele dizer que Princisito não é arranjador e falta-lhe técnica. Mas Princisito é muito músico (na expressão do Djinho) no sentido em que ele é um criador inspirado e talentoso.
Depois vêm as famosas comparações S.Vicente/Santiago. Quando é que começamos a fazer debates sem paixão sobre este tema? Quando é que começamos a apoiar na História, como uma ciência, para fundamentar as nossas declarações? O que estamos a assistir, DE FACTO, na música caboverdiana? Será difícil perceber que S.Vicente, por mais que nos doa, está a perder vitalidade social, logo cultural e que, logicamente, a criação artística tenha decaído? É complicado perceber que, historicamente e antropologicamente, a ilha de Santiago é o nosso maior stock cultural, e que sendo actualmente a maior economia do país, logo a maior dinâmica social, fosse natural a exploração do seu stock cultural? É tão inaceitável admitir que Santiago é de momento o maior contributo à música CV? Já paramos para pensar que até mesmo sociedades muito avançadas, como os EUA, UK, França, muito evoluídas tecnicamente, tiveram a necessidade de procurar matrizes de outras partes do mundo (pobre) para se revitalizar?
Porque não aceitamos como natural e tranquilo que grandes músicos de S.Vicente, porém a viver numa sociedade em retracção, colaborem com criadores e portadores de grandes tradições de Santiago, produzindo coisas novas. O disco de Princizito é terrivelmente autoral, quase que a sua cara, porque Princizito tem uma grande presença de espírito; é o som do Princizito; é a sua poesia. A produção musical é do Hernani e é uma produção de fina qualidade técnica, mas em momento algum, nem o próprio Hernani, reclama a autoria desse disco.
Hernani Almeida é um grande homem, pelo valores de honestidade intelectual que cultiva. É doloroso ver "artistas" a usarem o seu nome para alimentar essas questões "ruidosas" que estão a circular por aí.
4 comentários:
João, existe uma motivação que nos leva a falar desse tema. E existem bloqueios que daí derivam. Eu sei que muitos de nós, na nossa acção artística já nem pensa nisso. O Hernani, que conheço e admiro, passa completamente acima dessas questões, porque ele não precisa se justificar. Mas ao nível social, existe esse bloqueio, que impede que outros projectos se desenvolvam com mais naturalidade. Existem tabus que precisam ser discutidas.
Sim é preciso falar disso. Só que temos que abordá-lo de uma forma sistematizada.
Eu não tenho complexos nenhuns a falar de S.Vicente em relação aos outros, não só Santiago: S.Antão, S.Nicolau, Fogo, etc. Nós (SV) fomos o centro de CV em outra altura. Vivemos ainda os tiques da supremacia, enquanto a realidade é dura e triste. Estar de fora ajuda a dizer isso sem sentir a alma a cortar.
Aí está algo com a qual nunca concordei: não há nem nunca houve uma centralidade no arquipélago cabo-verdiano. O país é multicêntrico a muitos níveis, inclusivé cultural. Aliás, aí reside a sua maior riqueza.
... muito interessante essa "tirada" !! "Achismo" !! eh eh uma velha disciplina muito praticada pelos nossos lados (incluido myself, acho muita coisa)
mas o problema também, està ño não-achismo, menos praticado mas duma eficiência terrivel..;resumindo em cabo verde temos mais entendidos na materia, do que materia em si!
Hiena
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