16.12.08

Prémio Nacional de Arquitectura

A cidade da Praia, para além de outras preciosidades, é uma grande exposição de aberrações arquitectónicas/urbanísticas: zonas residênciais sem acessos condignos; falta de espaços de lazer; inexistência de parqueamento automóvel; ausência de espaços verdes (ou pelo menos livres); ocupação indevida do litoral; indústrias entaladas dentro da cidade; tráfego pesado e ligeiro juntos, numa grande confusão; desrespeito total de padrões de construção (prédios, casas individuais); até chegar a desenhos de certas habitações que sairam da cabeça de um arquitecto (ou não) inundado de uma tremenda confusão estética.

É tão raro encontrar um caso exemplar de urbanização. A zona chamada de "Wall Street", onde concentra a Bolsa de Valores, vários Bancos, lojas, farmácias, operadoras de telecomunicações, vários escritórios e residências, é quase funcional e um bom exemplo, mas mesmo assim é apertado, não há parqueamento, não há espaço para a criançada, a não ser dentro dos condomínios fechados, que é um conceito que, se eu fosse dono desta terra, mandava demolir. É tão raro encontrar um exemplo de edifício de alta qualidade de: desenho, função e construção.

Os arquitectos tem ainda responsabilidades enormes, como sejam as ambientais e as económicas. Os arquitectos são um dos maiores responsáveis pelo visual de uma cidade. Em nossa terra, é uma classe sofrida, destratados pelos políticos, especialmente os Presidentes de Câmaras, estes bestinhas metidos a reis. Para além disso tem uma grande confusão interna, que é uma especialidade caboverdiana.

Ocorreu-me que um prémio nacional de arquitectura podia ser pensado, como forma de: criar um ponto de reflexão sobre esta importante profissão; criar uma cultura de qualidade; e recompensar os casos de excepção que existem, neste mar de betão desordenado. Mas, por favor, a ter um prémio do género, que não façam como o Ministro da Cultura que criou um prémio ele próprio, nomeou um júri ele próprio e quase que ganha o prémio ele próprio. Convoquem um júri internacional, professores, pessoas de reconhecido mérito.

Será que certos arquitectos da praça, donos de algum poder, estariam preparados para saber que a sua obra é uma bosta?

4 comentários:

da caps disse...

:)))

(reacção última frase)

JB disse...

Olha, assim de repente lembro-me de um edifício a quem não desdenharia atribuir um prémio desses: a casa do Djinho Barbosa. Um assombro de sobriedade e bom gosto.

Anonymous disse...

já existe o prémio.teve a sua primeira edição o ano passado...

Cesar Schofield Cardoso disse...

Pois é verdade!...Mas foi mesmo a valer? Teve impacto? E porque não se seguiu este ano?

Esqueci-me completamente da "brincadeira" que se fez no ano passado. Eu defendo mais um prémio programado para ser anual, regular, com critérios rigorosos de avaliação, com premiações a sério, que os arquitectos tenham vontade de concorrer.