Acabo de vir do workshop na UniCV, enquadrado no Kriol Jazz, com Kim Alves. Saí de lá com mais conhecimento e inspiração. Conheci outro lado do artista: estudioso, aplicado e perdidamente apaixonado pelo que faz. Kim Alves é um desses gurus que andam por aí, tal como é Princizito, mas que a gente toma por um outro qualquer, isso devido ao facto de vivermos numa prisão chamado ilha. Esses dois nomes estão a fazer algo de extraordinário pelo cultura musical deste país e, melhor ainda, praticamente de borla.
Kim Alves nos fez viajar pelos ritmos da ilha do Fogo. Sabiam que existem cerca de 32 ritmos diferentes, ou variantes, de Kanizade? Eu não. Que ritmos extraordinários! Aliás, os ciclos da Tabanka, San Jon, Bandeira, para falar só dos que eu "conheço" tem uma riqueza interna, que precisamos passar anos a aprendê-las, para depois a reproduzirmos, já num contexto urbano e global, sem perder essa alma que contêm. Aliás foi a minha pergunta para o Núcleo da Música da UniCV: como conciliar um ensino universal, ensinando a ciência da música, ao mesmo tempo que se dedica à recolha, investigação e sistematização da componente popular da nossa música, que é de uma força tremenda no nosso país. Só de notar que a nossa música é reputada em todo o mundo, sem escola ou quase. Isto significa que tem uma qualidade que é puramente espiritual.
De resto estou feliz por saber que quem está à frente do Núcleo da Música da UniCV são pessoas, mais que profissionais, também elas perdidamente apaixonadas. Vamos lá ver se as políticas lhes seguem.
9 comentários:
Para além de paixão, espero que tenham: visão na definição de linhas de investigação e ensino, capacidade de atrair fundos de diversas fontes (p garantir a independência) e, acima de tudo, muita qualidade nos trabalhos que desenvolvem. Só assim deverão ser capazes de influenciar políticas. Porque senão, espero que as políticas não lhes sigam.
Já ouviste o NHA DAMÁXA de Kim Alves? É a minha música preferida do último cd da Mayra Andrade!
"Nha damaxa" é dos meus favoritos também... sem contar que a Mayra cantou esse tema com uma pinta do caraças! Aliás todo o disco está nham-nham! Gosto também do tema do Djoy Amado, que agora não me lembro do nome
:)
Be cool
"Txapu na bandera", creio eu. Granda som!
É impressão tua. Não estou torcendo contra. Só gosto de ser pragmática. :)
Tema do Djoy Amado em "Stória, Stória..." é o TCHÁPU NA BANDERA.
OK pragmática, fico mais descansado. Vamos dar uma chance a eles. Já agora existe mais um outro gabinete interessante da UniCV, discreto mas importante, o CIDLOT (se não me engano, Centro de Investigação para o Desenvolvimento Local e Ordenamento do Território) onde trabalham duas grandes senhoras.
"Txápu na bandera", pois! Que grande som! Djoy Amado é outro dos nossos compositores, muito novos, mas muito maduros. No disco do Txeka ele tem outro grande tema.
Centro de Investigação em Desenvolvimento Local e Ordenamento de Território? Obrigada pela informação. É outro centro com imenso trabalho. Imagino.
Enviar um comentário